Na altura em que as horas andavam devagar,
Os dias eram feitos de risos e correria,
Havia uma flauta, velha, mas viva
Que enchia a nossa casa cheia de melodia.
O seu sopro era como um vento primaveril,
O seu pé ritmado como um batucar gentil,
Cada nota, uma rajada de contentamento
A espalhar euforia a cada momento.
Mas o sopro cessou, o batucar silenciou,
E o tempo, que antes era breve, agora se alongou.
As nossas tardes agora passam a ser saudade
E o vazio cresce, enchendo a melodia que agora é antiguidade.
Na memória, apenas, a flauta toca infinitamente,
Num som longínquo e perdido no pensamento,
E a cada nota que ecoa, persistentemente,
Desperta em nós a nostalgia de um tempo cheio de sentimento.