Texto de opinião sobre a novela de Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, por Angel Mago (pseudónimo de Maria Gonçalves, 11.º B)

A famosa obra de Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, tem-me, desde há uns meses, transportado para um mundo distante. Talvez estranho… diferente de certeza. Mas que mundo será este?

Não me lembro, desde que nasci, de ter sentido tais mudanças dentro de mim. Não é o livro que eu mais admirei, não. Nem o mais triste. O maior não é com toda a certeza. Mas a realidade é que ao ler a obra parecia que algo se me entranhava na garganta. Só conseguia saber que não tinha nada encurralado, porque a respiração ficava cada vez mais acelerada, acompanhando o coração que parecia querer saltar do peito. Não chorei, mas admito que precisava de o ter feito, pois, acredito, esta era a única forma de espantar o que então me atormentava.

Outras vezes, estas mais vagas, embora intensas, sentia o meu punho direito fechado, como se quisesse bater em algo ou alguém. Foi exemplo desta situação sempre que Baltasar Coutinho abria a boca, fosse para dizer o que fosse.

A verdade é que nunca deixei que ninguém brincasse com os meus sentimentos e agora foi um objeto que o fez. Objeto com todo o respeito, porque de material esta história não tem nada.

Existe uma característica que eu considero indispensável para que um conjunto de palavras se possa denominar de livro: o enredo tem de nos retirar da realidade. Não podemos conseguir perceber que estamos sentados a segurar um livro entre as mãos. A não ser que a ação assim o diga.

Para concluir, Amor de Perdição não se resume a uma história infeliz e taciturna. É todo um mundo de técnicas mágicas que perturba qualquer um, por mais controlo que tenha no seu interior.

Fernando Belece

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