Dois corações, em luta cega e fria,
tentam fugir ao que é já verdade,
um amor gravado na pele do dia,
mas que negam, por orgulho ou vaidade.
Olhares que se tocam, fogo que arde,
gestos contidos num silêncio antigo,
fingem não ver o que deviam ser,
dois mundos num só, lado a lado, em abrigo.
É medo, talvez, ou dor mal curada,
a mágoa guardada que manda afastar.
Mas negar o amor é ferida calada
que mata por dentro quem não quer amar.
E seguem, sozinhos, fingindo vencer,
mas o tempo ri de quem foge em vão.
Um dia, rendidos, irão perceber
que o amor não se apaga quando é de paixão.
Iris Letícia Mota Nunes, n.º8, 10.ºA