“Brothers in Arms” (1), por Tiago Freitas (12.ºA)

Era naquele trinar repicado,
No dedilhar de Mark Knopfler
Na guitarra que dialogava com ele,
E ele com ela, numa voz minuciosa e ténue,
Era naquela melodia, que, pouco a pouco,
Me iam caindo lágrimas rosto abaixo.

Eram por tua causa.
Não és nenhum guerreiro nas Malvinas,
Mas longe disso não estás, acredita…

No meio da devastação
Daquela Guerra interminável,
Via o rosto espelhado, tão familiar,
Daquele ser que, aos poucos, me dizimava.
Era tão, mas tão familiar…

Mesmo de vista cerrada, avistava-o,
Mesmo ensurdecido, ouvia-o,
Mesmo congestionado, cheirava-o,
Nem durante o sono havia um cessar-fogo…

Estava prestes a dar o derradeiro final,
Içar o lenço branco
E assim finalizar com grande ponto final
Todo aquele tormento…

Mas foi no meio do caos
Que tu apareceste e aos ombros me foste arrastando
Para terras mais pacatas,
Longe de toda a vileza e crueldade.

O teu sorriso,
O teu olhar,
O teu rosto,
Tu eras todo uma luz,
Essa tua ignorância feliz
Foi a mais poderosa arma que alguma vez vi.

Fazes-me lembrar de um mocinho.
Era parecido contigo, mas nunca mais,
Nunca mais lhe pus a vista em cima.
Talvez a última vez que o vi
Tenha sido uns anos depois de teres chegado ao Mundo,
Talvez…

Talvez o tenham levado de mim,
Aqueles soldados de metal, estreitos e altos,
Que rodam e giram à volta da grande roda,
Consoante a pirueta constante do nosso Mundo.

Os “tic-tacs” das suas armaduras
Vão aos poucos saqueando, discretamente,
A nossa riqueza magna,
A mesma que eles governam…

Sinto que sem ele perdi,
Perdi aquilo que te deixa tão vibrante:
Esse espanto, esse fascínio,
Essa vida, esse vigor,
Tudo isso, essa cor!

Aos pouco saraste-me,
Cuidaste de cada mazela minha
Apenas sendo tu,
Apenas sendo essa luz…

Aquele vil ser, já nem sei por onde anda…
Sei que nunca perdeste esse teu brilho
E jamais me deixaste estendido no areal…
Por isso, Obrigado!
Obrigado, meu Irmão de Armas, meu Irmão de Sangue, meu Tomás.

NOTA
(1) Expressão inglesa que significa “Irmãos de Armas”. Referência à música “Brothers in Arms” dos Dire Straits, frequentemente associada à luta dos soldados na guerra das Malvinas.

Fernando Belece

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